Venho falar-vos de um assunto actual e que está a causar grande transtorno na sociedade portuguesa.
Como devem ter conhecimento, um dos canais privados da televisão nacional emitiu recentemente uma reportagem sobre uma operação efectuada pela polícia de caçadeiras em punho e com os seus respectivos cães em conjunto com elementos da Direcção Geral de Viação a fim de identificar todos os proprietários e respectivos veículos que possuíssem alterações às características de fábrica dos mesmo. Isto numa medida de tentar acabar com o “Street Racing”, conhecido pelo senso comum como “as corridas na ponte”.
É de louvar a acção por parte dos intervenientes (não esquecendo o papel fundamental do Estado nesta operação), tendo em conta que é com os perigos constituidos pelos designados “marginais” do “Street Racing” que se quer acabar, mas para isso caíu-se na asneira de confundir “Tuning” com “Street Racing”. Sim senhor, é verdade que os Street Racers também fazem Tuning aos seus carros para que estes não os deixem ficar mal, mas à que saber distinguir as coisas, e no país democrático que temos tem de haver qualificações para saber fazer tais distinções!
O problema da sociedade é gostar de simplificar as coisas de modo a que estas pareçam fáceis e não deêm muito trabalho a compreender. Quantas pessoas confundirão um homosexual com um pedófilo? É verdade que pode haver (e certamente há) um pedófilo que seja homosexual, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra! E o pai de família, que calha a atrasar-se para o emprego e sai disparado com o carro, estará a fazer “Street Racing”? Distingam as coisas por favor…
“Tuning” não é “Street Racing”!? Mas afinal o que é o “Tuning”? Meus amigos, o “Tuning” é a arte de tornar um carro melhor do que quando foi concebido, mais seguro, mais bonito, mais agradável, mais rápido (também é verdade), dependendo dos gostos obviamente.
Com os últimos acontecimentos, e após os sinais de protesto dos defensores da não discriminação do “Tuning”, apercebi-me que as pessoas estão muito mal informadas quanto aos termos (mas isso, como eu costumo dizer é “prato do dia no nosso país”…). Umas quando se fala em “Tuning” respondem logo “são aqueles marginais que vão para a ponte gastar gasolina”, outras referem “são os assassinos que andam por aí a fazer manobras perigosas a por em risco a vida de tudo e de todos”, e ainda há aqueles que dizem “são aqueles que passam por nós com a música em altos berros e o escape a fazer um barulho ensurdecedor”… Isso, desculpem-me mas não é “Tuning”!
Agora, como já referi, os “Street Racers” também fazem “Tuning” aos respectivos automóveis, e porquê? Melhorando o sistema de travagem e as suspensões das respectivas viaturas vai-lhes dar mais segurança em curvas e onde houver necessidade de travar, aumentando a potência dos motores vão obter melhor resposta dos mesmos (vão faze-los durar menos, mas isso para eles é indiferente, o que lhes interesssa é ficarem à frente de todos os outros), vão alterar os pneus para agarrarem melhor à estrada, vão fazer alterações estéticas por uma questão de estilo e para dar nas vistas, vão por luzes por baixo dos automóveis (que se denominam por “Neons”) para serem diferentes dos outros. Isto meus amigos, são apenas alguns exemplos de “Tuning” e sim… os “Street Racers” também o fazem…
Agora, até que ponto é que nós estamos interditos de personalizar os nossos automóveis a nosso gosto, e outras entidades estão autorizadas a usar os famosos kits mãos livres para falar ao telemóvel enquanto conduzem, aplicar antenas secundárias nas respectivas viaturas para fortalecer o sinal de rede do referido telemóvel, e escurecer os vidros para que ninguém reconheça a pessoa “trés important” que vai no referido veículo?
Revolta-me… revolta-me a mim, e a toda a comunidade de “Tuners” que passam por muito nos respectivos empregos, que perdem horas de sono a pensar como deixar os seus automóveis mais agradáveis, mais satisfatórios, que gastam o seu dinheiro em alterações caras (porque a qualidade sempre se pagou e sempre se ha-de pagar), para depois o Estado sair com Decretos de Lei do mais vago e ridículo que há.
Metam a mão nas respectivas consciências, a falta de civismo por parte de alguns também contribuiu e muito para o estado do ideologia do “Tuning” no nosso país, compete-nos alterar essa imagem, essa ideia imposta no senso comum… Vai partir de nós adeptos do “Tuning”, mas vamos precisar da compreensão de todos…
A nós basta-nos não baixar os braços, mas acima de tudo manter o civismo a fim de ganhar o respeito.
Autor: Morphevz